Devido ao apreço que nutro pela Marina Colasanti, carregava em meu íntimo a vontade de conhecê-la pessoalmente. Aguardava, ansiosa, por algum evento aberto aos fãs, como o lançamento de um livro, que me renderia apenas alguns segundos de contato com a escritora, mas seria melhor do que nada.
Eis que, no fim de uma terça-feira agitada, fui surpreendida por uma mensagem que mudaria meu rumo de fã. Minha querida ex-professora Vanessa Villarinho vinha me indicar um evento que contaria com a presença de ninguém menos que minha ídola. Tratava-se da Conversa Literária, que, sob direção de Cintia Barreto, recebe diversos nomes da literatura nacional para compartilhar conhecimento.
A data, o horário e o local do evento não seriam nada convenientes. Tinha tanto a dizer à artista, no entanto, que – após um momento de hesitação inicial – decidi mexer radicalmente na minha agenda e dar um jeito de chegar à Conversa a tempo.
Ao chegar à Cidade das Artes – na Barra da Tijuca -, adentrei o auditório – bem atrasada – e me sentei na primeira cadeira que vi. No telão, começou a passar o vídeo da narração feita por Antônio Abujamra de Eu sei, mas não devia – primeiro texto de Marina que li na minha vida. Estava oficialmente aberta a temporada do chororô: as primeiras lágrimas da noite encharcavam minhas bochechas.
Ao findar-se o vídeo e acenderem-se as luzes, fui capaz de me recompor. Pus-me a assistir, de olhos vidrados, à brilhante exposição da escritora, que exibe vigor, desenvoltura e sabedoria invejáveis.


A convidada perguntou quem, dentre os/as presentes, gostaria de seguir carreira literária – ao que eu, depois de uns segundinhos de titubeio, ergui meu braço. Ela se pôs a falar da sua trajetória no mundo das letras e dos desafios da vida de escritor(a). Nas palavras de Marina, “para o sucesso todo mundo está pronto. Nessa carreira, tem que estar pronto para o fracasso.”.
Ao ser perguntada sobre sua relação com o também escritor Affonso Romano de Sant’Anna – com quem é casada -, a artista explica como um enriquece o outro nô âmbito profissional, pois vivem trocando ideias sobre as leituras que fazem. Ela relata uma viagem de carro feita com Affonso – com destino à casa de veraneio do casal – na qual a dupla discorreu incansavelmente a respeito de livros dos mais diversos.
Categórica, Marina acrescenta que o marido não é machista. Esclarece que, em vez da competitividade, o casal é guiado pela parceria: um se alegra com o sucesso do outro.
Os momentos finais do evento foram reservados a homenagens à escritora. Eu não fazia ideia de que teria a oportunidade de ler meu texto ali na frente de todo mundo, mas levei uma impressão de A quem me escreve para entregar à artista, junto a uma cópia da linda pintura Cloudwalker, de Duy Huyin.
E chegou a minha vez de declarar minha admiração à convidada. Peguei o microfone, desdobrei o papel e me pus a ler a crônica que havia criado uma semana antes, na ocasião do aniversário da grande mulher sentada a poucos metros de mim.
Os primeiros parágrafos fluíram perfeitamente. Cuidei de articular palavra por palavra, para não desperdiçar a grande chance de transmitir todo meu carinho àquela que chamo de remetente.
Foi eu chegar à metade do quarto parágrafo para a voz começar a falhar, anunciando as lágrimas próximas. Veio-me um pranto sei lá de onde, que me obrigou a interromper a leitura do meu texto. Parei, respirei fundo… era difícil continuar.
Foi aí que a minha inspiradora se levantou de sua cadeira, na primeira fileira do auditório, para me dar um abraço! Se eu estava emocionada antes, que dirá agora, nos braços da minha ídola? Haja lágrimas…
Encorajada por ela, dei sequência à minha narração. Ao falar sobre a esperança, coragem e sabedoria que emanam da minha remetente, sentia sua cabeça carinhosamente apoiada sobre meu ombro esquerdo.
Vidrada, Marina ouvia cada palavra minha. Tremendo, conclui finalmente minha leitura, para receber um outro forte e acolhedor abraço daquela que é minha fonte de inspiração.


Depois de tantas lágrimas, vieram muitos sorrisos. Foram distribuídos livros às pessoas que haviam lido seus textos: eu ganhei o A Mão na Massa, que foi autografado pela autora junto ao meu exemplar de Os últimos lírios no estojo de seda – que eu fizera questão de levar.
Enfim, não apenas realizara minha singela ambição de fã, como conseguira mais do que o planejado. Na volta pra casa – e nas horas seguintes – eu só conseguia sorrir.
Que lindo!
Me emocionei… que sonho! Marina é minha grande inspiração! Lindíssimas palavras, me senti em seu lugar… 🌷
CurtirCurtir
Dana,
Que alegria ter te tocado de alguma forma! Como sempre falo, é isso que me motiva a seguir escrevendo. 😊
A Marina é de fato incrível e inspiradora, como escritora e como ser humano. ❤
Espero que continue acompanhando o “Paistropicalense”! 😍
Um abraço!
CurtirCurtir