Olá e muito prazer, sou destinatária da Marina Colasanti. É que ela escreve pra mim. Suas mensagens sempre aparecem no momento oportuno, acompanhadas da sensação de que eu mesma poderia tê-las escrito, tamanha a identificação que inspiram.
Um pé diante do outro chegou no susto e umedeceu meus olhos mais do que eu gostaria em um vagão de metrô cheio. A correspondência veio em um momento de insegurança frente a alguns tombos, para me mostrar que, como a destemida e independente funâmbula, devo me reconstruir e evoluir a cada queda.
Mais do que reflexões de cunho pessoal, seus textos inspiram questionamentos de ordem coletiva. Como Os últimos lírios no estojo de seda, que me apresentou à dolorosa tradição chinesa dos “pés de lírio” e à força de uma mulher que, com ataduras nos pés, nunca permitiu que atassem suas asas.
Minha remetente me surpreendeu no dia 26 de setembro passado, seu aniversário. Presenteou-me com mais um escrito, contrariando a convenção social que estabelece que quem aniversaria deve receber presentes, e não distribuí-los…
Em Fazer 80, a generosa mulher compartilhou comigo reflexões que desejo profundamente um dia figurem no íntimo da dona Rafaela octogenária. Pois o que mais há de se fazer necessário se, à moda da aniversariante, eu “viver com abundância” de tudo que me é querido nesse mundo?
Não cansa de me oferecer esperança, coragem e sabedoria, essa Marina… Recebo tudo de bom grado, apesar de ainda estar longe de, à maneira da minha querida remetente, conseguir assimilar tudo.

Foto: Fabio Motta/Estadão