E finalmente retornam as atividades por aqui! A última postagem foi a entrevista com a Amanda Vidal, uma das moradoras da Cuia Crua — uma moradia coletiva vegana frugal. Hoje, vou contar para vocês um pouquinho sobre outra habitante desse lar, a Elisa Lamego: tenho certeza que vão ficar admirados/as com a potência dessa ruivinha, assim como eu! 😍
Leitores/as, peço desculpas por tê-los deixado ansiosos/as para a entrevista com a super Eli. Minha vida anda meio louca, mas a meta é sempre tentar dedicar mais tempo ao blog.
Agora vamos ao que interessa!
Conheça Eli Lamego
Eli Lamego é demais, e isso não é puxação de saco. Uma moça que, por trás de simplicidade, sorrisos e muita simpatia, reserva garra, coragem e disciplina admiráveis.
A entrevistada é campeã nacional de corrida de montanha, um esporte altamente desafiador. E o mais incrível: ela sustenta sua rotina pesada de treinos com uma alimentação baseada quase integralmente em frutas. 😮 Uma total quebra de paradigma na sociedade atual, que ainda crê que regimes alimentares carentes de produtos de origem animal não fornecem os nutrientes necessários a uma boa performance esportiva.

A transição
A atleta tornou-se ovolactovegetariana aos 17 anos. Dois anos depois, ela decidiu aderir ao veganismo, de maneira gradativa. Esbarrou, pelo caminho, em alguns obstáculos muito comuns aos que decidem se tornar veganos/as, como a pressão social, principalmente familiar.
“Meu problema inicial era a descrença de família, então eu acabava comendo ovo uma vez por semana, só para mantê-los tranquilos.”
Após cinco anos de ovolactovegetarianismo, a jovem tornou-se completamente vegana. O evento coincidiu com o falecimento de sua mãe, apontada por Elisa como a responsável por apresentá-la à alimentação viva.
Enquanto sua mãe preparava alimentos vivos em casa, a menina das mechas flamejantes se envolvia, junto a ela, em novas práticas, mudando sua maneira de se alimentar. Após a perda da mãe, Eli deu sequência ao que com ela havia iniciado. Foi aí que virou vegana de vez.

Hoje, faz dez anos que a corredora de montanha iniciou sua trajetória de mudança alimentar, iniciada com o ovolactovegetarianismo. Mas a mudança mais “radical” de todas tem pouco mais de um ano: a transição completa para o frugivorismo. 🍉
O grande Corassa, citado por Amandinha em sua entrevista, também aparece na narrativa de Elisa. Ela explica a relevância do embaixador brasileiro do frugivorismo em sua transição para o regime alimentar que segue hoje.
Quando a atleta o conheceu, Eduardo morava na Tijuca, próximo de onde a moça residia na época. Ela conta que, do mesmo modo que Amanda, foi até a residência do nutricionista e comprou os cinco livros que ele já havia publicado até então.

Obstáculos
Elisa narra um dos principais inconvenientes da sua mudança alimentar: encarar as reações negativas de seus familiares. De família mineira, ela conta que, desde que se tornou vegana, enfrenta certo estranhamento de seus parentes ao visitá-los na terra do tutu de feijão e do leitão à pururuca.
“Eles questionavam: ‘mas nem um pãozinho de queijo? Nem um queijinho?’ (risos). Agora que virei frugívora, quando eu vou para Minas muitas pessoas se mostram descrentes e costumam criticar. Ouço muito: ‘Elisa, mas você come tudo cru mesmo, não vai nem um pão francês?’. Eu rio porque, afinal, pão francês nem cru é.”
Durante a entrevista, as duas habitantes da Cuia Crua comentam sobre a maneira problemática como muitas pessoas lidam com o que comem: muita gente não sabe sequer de onde vem o que leva à boca. As entrevistadas falam que muitos perguntam se elas consomem produtos que, por razões óbvias, não se enquadram em um regime alimentar frugívoro, como mel e chá. 🐝 🔥
“‘E café verde?’, já me perguntaram isso. É uma confusão cômica, porque não é por algo ser verde que eu vou comer (risos).”
Elisa conta que sua adaptação ao frugivorismo foi feita aos poucos e acredita que esse processo tenha sido essencial para que ela se habituasse e evitasse recaídas no estilo alimentar. Após cerca de dois anos como “quase-frugi”, a corredora enfim decidiu mergulhar fundo no regime alimentar e mudar sua vida de vez.
Uma dieta prática
A ruivinha aponta as diferenças que existem dentro do próprio frugivorismo. Diz que alguns adeptos optam por receitas, enquanto outros simplesmente levam suas frutas e vegetais direto à boca, sem misturas e preparos. Ela é da linha prática: não prepara receitas e quase não usa talheres.
A amiga Amanda Vidal sustenta a importância das receitas para a transição de pessoas ao frugivorismo. Afinal, não deve ser lá muito fácil trocar, de um dia pro outro, um bife com fritas por uma banana envolta em couve, né? É aí que entra a relevância das preparações crudis: são maneiras de aproximar a alimentação baseada em frutas e vegetais crus da alimentação do/a brasileiro/a médio/a.
“Acho as receitas importantes para chamar atenção para os valores, para a causa em si. Porque a pessoa vê um bolo, uma torta… até arroz com pirão e farofa eu já fiz, vegano e crudi! Isso chama a atenção e é uma boa alternativa ao apego.”, conta Amanda.

Quebrando paradigmas
Eli levanta a bandeira do frugivorismo de maneira admirável em suas redes sociais. Essa pequena notável investe bastante em postagens que desafiam a noção contemporânea do que é ser saudável. Isso porque uma coisa que os frugivoristas muito fazem é contrariar o senso comum.
Pratos monocromáticos
Além do jejum, mencionado no post anterior, as moradoras da Cuia Crua realizam outra prática que foge do que é tido como saudável pela maioria das pessoas. Elas são adeptas das monorrefeições: como o nome já sugere, são refeições de um alimento só. Mas, se tantos nutricionistas falam sobre a importância de um “prato colorido”, por que então comer uma ampla quantidade de um único tipo de alimento por refeição?🍊🍊🍊
Segundo elas, a ingestão de alimentos cozidos tende a intoxicar mais do que nutrir. Assim, por estar assimilando muito menos nutrientes do que em uma refeição crua, uma pessoa teria que comer alimentos pertencentes a grupos diversos para suprir as necessidades nutricionais do corpo.
Amanda explica que a mistura de alimentos diversos pode causar indigestão, o que dificulta a absorção dos nutrientes pelo corpo. Nesse sentido, é importante saber quais as combinações ideais de alimentos, aquelas que favorecem um bom processo digestivo.🍍🥝🍓

Onde o carboidrato tem vez…
Elisa põe em xeque a demonização do carboidrato. Muitos rechaçam o macronutriente, por considerá-lo engordativo. Mas, segundo a atleta, não é bem assim: ela ressalta a importância de se atentar à qualidade das diferentes fontes de carboidrato. 🍌🍝
“Acho que os nutricionistas começaram a falar para cortar carboidrato pensando no pão, no macarrão… e eles começaram a ser republicados e repetidos e agora vários nutricionistas falam isso e pensam em cortar carboidratos bons, que são todas as frutas e as folhas.”

…E a proteína também
Em uma sequência de Insta Stories, Elisa contestou a crença de que frutas não possuem proteínas em sua composição. A corredora expôs que a maioria das frutas possui entre três e dez por cento de sua macroconstituição composta por proteínas, dando como exemplo o maracujá, fruta que, a cada um quilo, apresenta 22 gramas de proteína.
Sim, para os não frugívoros, um quilo parece uma quantidade de comida muito grande para se comer de uma vez. Mas, no frugivorismo, é regra comer com qualidade e em quantidade.
Uma pequenininha com apetite
“Eu tomei um litro e meio de água de coco para quebrar o jejum, ai duas horas depois eu comi um quilo de banana e depois eu comi dois quilos de ervilha. Foram minhas refeições hoje.”
A constituição física de Eli pode enganar. Apesar de pequena, ela é capaz de devorar quantidades astronômicas de comida em cada refeição. Tem dias que a ruivinha chega a ingerir mais de nove quilos de comida! 😲
Mas comer muito é uma das características do estilo de vida frugívoro. A dieta baseada em frutas e vegetais exige aumento do consumo alimentar diário, para que se atinjam níveis ideais de ingestão calórica ao longo do dia.
Mas quem disse que comer pra caramba é prejudicial para o organismo? Não necessariamente! Muitos especialistas recomendam o consumo de pequenas porções diárias de alimento, espaçadas ao longo do dia por cerca de três horas. No entanto, a adoção de refeições bem generosas, intervaladas com jejum, vem ganhando mais adeptos, que se baseiam em sérias pesquisas para comprovar os benefícios de suas práticas à saúde humana.
A medalhista adiciona que até 30 por cento da ingestão de uma pessoa frugívora pode não ser absorvido pelo corpo, motivo pelo qual os adeptos acostumam-se a ingerir tanto alimento. Ela acrescenta que são necessários tempo e prática para que uma pessoa venha a ingerir uma quantidade muito maior de comida em suas refeições. E, mais importante: por mais que haja bastante material de qualidade sobre o frugivorismo, é essencial recorrer a profissionais qualificados para aderir a novos hábitos alimentares.

É isso, pessoal. Espero imensamente que vocês, leitores, tenham curtido esse bate-papo com essas moças inspiradoras que são Amandinha Vidal e Eli Lamego. Reforço minhas desculpas pelo intervalo tão grande entre as duas partes da entrevista aqui no blog.
Foi muito enriquecedor poder aprender tanto sobre esse estilo de vida ainda tão estigmatizado, mas que vem ganhando mais e mais adeptos/as. Que os moradores da Cuia Crua sirvam de inspiração para a melhora constante de meus próprios hábitos alimentares! 🌟
Desde a infância não tenho.notado tanto.entusiasmo e grandeza na vida da Elisa.
Lembrar que guria evitava as provas hípicas e de natação e que nos momentos atuais se lança só para viajar pela Ásia,por exemplo, é para mim.uma trrmenda demonstração de coragem.
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Sergio,
Que lindo seu comentário!
Imagino que deve ter sido incrível acompanhar essa transformação na vida da Elisa. Concordo que ela é uma moça de coragem, que demonstra entusiasmo pela vida.
Obrigada por visitar o blog! 😃
Abraços!
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