Por aí

Frutas para se fartar

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Gustavo, Elisa, Amanda, Reginaldo e Celso, os habitantes da Cuia Crua, com seus mascotes. / Foto: Instagram Cuia Crua.

Cinco amigos, entre moças e rapazes, compartilham um apartamento. Cada um tem sua rotina; alguns deles vêem o sol raiar e só sossegam de noitinha. Bichinhos de estimação alegram a residência, que recebe gente de fora com maestria.

Um lar como outro qualquer, uma realidade bem recorrente na metrópole carioca. Não fosse por um diferencial… estamos falando da primeira moradia coletiva vegana frugal do Rio de Janeiro: a Cuia Crua.

É provável que neste momento você esteja se perguntando o que isso significa. Eu, pelo menos, não tinha ouvido falar desse estilo de vida até conhecer esse grupo de amigos pelo Instagram. E foi aí que decidi bater um papo com duas das habitantes da Cuia Crua, pra conhecer um pouco da realidade delas e compartilhar com vocês.

As entrevistadas são adeptas do frugivorismo: um regime alimentar baseado em frutas e vegetais crus. No decorrer da conversa que eu tive com essas duas moças incríveis, pude conhecer muuuito sobre o estilo de vida delas. E espero que vocês também absorvam um pouco disso ao ler os resultados dessa entrevista!

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Logo da morada, uma criação de Beatriz Quadros. / Foto: Instagram Cuia Crua.

Conheça Amanda Vidal

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A entrevistada Amanda Vidal. / Foto: Instagram Amanda Vidal.

Amanda Vidal é bióloga, cantora, professora, crossfiteira e frugívora! Ufa. É daquelas que vive de um lado pro outro, tem energia pra dar e vender e preza uma rotina saudável e consciente.

Sua mudança de estilo de vida começou há certo tempo, afinal, para chegar do onivorismo ao frugivorismo, a maioria das pessoas atravessa uma longa trilha. E ela começou pelo começo: tornando-se ovolactovegetariana, há 21 anos atrás.

A bióloga conheceu o frugivorismo por meio de Eduardo Corassa — nutricionista pioneiro em divulgar a alimentação frugívora no Brasil, há mais de 11 anos segue um regime alimentar livre de proteína animal, grãos e alimentos cozidos. Amanda foi até o especialista — que, à época, morava na cidade do Rio — para comprar um de seus livros e Corassa a incentivou a tentar cortar de sua dieta, já vegana, os alimentos cozidos.

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O nutricionista Eduardo Corassa. / Foto: Instagram Eduardo Corassa.

A entrevistada decidiu participar de um dos retiros do nutricionista — eventos realizados com o objetivo de divulgar o frugivorismo e ensinar técnicas e receitas a interessados. No retiro ao qual foi, Amanda se deparou com informações científicas que apontavam para possíveis consequências negativas, para o corpo humano, de hábitos alimentares considerados normais em nossa sociedade. Ela voltou pra casa com um pensamento: “não posso mais continuar assim”.

Foi aí que Amanda começou a cortar os alimentos refinados e processados da sua dieta. E deu no que deu: hoje ela é frugívora há um ano e meio.  

Mas presta atenção: frugivorismo e crudivorismo não são sinônimos

Amanda explica que, apesar de o crudivorismo apresentar muitas semelhanças com o frugivorismo, os dois estilos alimentares também têm distinções bem demarcadas.

“O crudi tem umas coisas mais ‘gourmets’, você fica preocupado em almoçar alguma coisa salgada na hora do almoço, você come fruta mas não tanta fruta. Hoje em dia eu vivo de fruta o dia inteiro e no final da tarde como um saladão.”

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Sorvete de banana e ervilha com banana desidratada e canela, receita apreciada pelos moradores da Cuia Crua. / Foto: Instagram Cuia Crua.

Saúde

A bióloga conta sobre as transformações que seu corpo apresentou conforme ela foi modificando sua maneira de se alimentar. Anos atrás, ela tinha síndrome do ovário policístico, hipoglicemia e adenoma na hipófise — enfermidades infelizmente comuns na atualidade.

A entrevistada narra que, com mudanças alimentares e práticas diárias de atividades físicas, conseguiu abolir essas doenças. E acentua que muita gente convive com elas, sem uma perspectiva de cura.

“As pessoas me consideravam saudável. São doenças com as quais as mulheres convivem. Eu tenho várias amigas que têm adenoma, e foi causado em mim por causa do uso continuado da pílula.”

Ao abordar a hipoglicemia que tinha no passado, Amanda toca em uma pauta que suscita opiniões das mais controversas: a prática do jejum, que realiza atualmente. Ela conta que chega a ficar de 16 a 18 horas sem comer, fazendo apenas de duas a três refeições bem generosas por dia — uma grande transformação com relação à época em que ela passava mal se não comesse de três em três horas. Vale ressaltar que o japonês Yoshinori Ohsumi, que levou o Prêmio Nobel da Medicina ou Fisiologia em 2016, apresentou pesquisas que associam o jejum ao aumento da expectativa de vida.  

“E aí eu comia biscoito doce, bala, porque eu achava que ia me dar açúcar rápido, mas aí eu ficava dependente daquilo. Hoje em dia eu faço exercício em jejum e não tenho problema nenhum, inclusive rendo mais no treino. Hoje eu fiquei 22 horas em jejum e treinei por três horas e meia seguidas. Balé e pole.”

 

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O tecido acrobático é uma das paixões da Amanda. / Foto: Instagram Amanda Vidal.

Mas não foi só o corpo da entrevistada que se transformou. Sua mente também apresentou transformações significativas, motivadas pela mudança de regime alimentar: Amanda relata sentir-se mais lúcida e tranquila ao lidar com os problemas da rotina. E faz questão de enfatizar que essa tranquilidade não é sinônimo de letargia!

“As pessoas têm uma visão de que o vegano é lento, quase como se fosse um maconheiro (risos) mas não é isso não. Eu lido com muita energia com as coisas, até, mas você tem mais tranquilidade pra resolver os problemas, que sempre vão existir.”

No próximo post…

O assunto de hoje ainda dá muuuito o que falar. E é por isso que o próximo post vai trazer a história de outra moradora da Cuia Crua: a Elisa Lamego, a ruivinha da foto lá em cima. Não perde não!

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Elisa Lamego é medalhista a nível nacional de corrida de trilha/montanha. / Foto: Instagram Elisa Lamego.

3 comentários em “Frutas para se fartar

    1. Elisabeth,
      Obrigada pelo seu comentário. Fico muito feliz com suas palavras, pois o blog tem como missão justamente espalhar conhecimento e gerar reflexão. 😊
      Torço para que concretize seu plano de mudança alimentar e também para que continue acompanhando o Paistropicalense. 😉
      Abraços!

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