Crônicas

Uma invencionice infantil

Muitas das minhas mais deliciosas recordações da infância trazem um fator comum: brinquedos. São histórias e mais histórias de invencionices, conflitos e broncas que se desenrolaram tendo como protagonistas esses simples objetos aos quais uma mente infantil é capaz de atribuir tantos significados.

Nos recreios do colégio, as donas das bonecas mais cotadas (como a popular Miracle Baby), cediam suas queridinhas durante alguns minutinhos para cada uma das colegas, dispostas em filas – sim, éramos organizadas!

E tinha aquelas garotas que eram fãs de videogame. Quando uma delas comprou um Nintendo DS foi um auê! Até eu – notavelmente leiga no mundo dos jogos eletrônicos – investia minutos preciosos de meus curtos recreios sentada em um banco, aguardando ansiosamente a minha vez de pegar o Yoshi, colocá-lo em um carro potente e fazê-lo percorrer a Rainbow Road, para levar minha clássica oitava colocação no Mario Kart.

Mas não era só de bonecas e videogames que vivia a pequena Rafinha. Infância tem que ter um pouco de aventura, afinal de contas! E foi movida por esse pensamento que, em uma tarde corriqueira em um quarto bagunçado, comecei a olhar meus brinquedos com outros olhos.

Mirei um carrinho de boneca, com o qual costumava passear com minha filha de pano, a Isabela. Voltei o olhar para sua banheirinha de plástico. Estudava a possibilidade de dar-lhes uma nova funcionalidade – na minha cabeça de criança, totalmente plausível e concretizável.

Calculava, ao contemplar meus objetos, que outros materiais seriam necessários para pôr meu plano em prática. Precisaria de algo para colar as peças… Cola branca não ia dar jeito, ia soltar fácil. Uma cola mais resistente? Não havia… Apenas a Super Bonder, escondida em algum lugar proibido para menores.

Fita adesiva. Era a única opção. Eu tinha ciência de que esse não era nem de longe o material adequado para minha empreitada. Diante da carência de uma substância melhor e da vontade de concretizar minha invenção, no entanto, tive de apelar à fita.

Agora que já tinha todos os apetrechos, era só pôr mãozinhas gorduchas à obra. Pressionei as rodinhas do carrinho, que se soltaram facilmente da estrutura. Posicionei-as sobre a superfície traseira da banheirinha e cobri com muita fita adesiva para fixar.

Tcharam! Estava pronto meu skate feito com uma banheirinha e rodinhas de um carrinho de boneca. Quem foi que disse que a infância nos anos 2000 era monótona? Eu não podia brincar na rua e nem andar sozinha pelos arredores, mas fazia skate e tudo!

Assim que subi naquele troço, me espatifei. É, não deu nada certo. Mas rendeu história pra contar.

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