Ando muito sedenta por agregar à minha bagagem cultural estilos e grupos musicais diversos. Afinal, naquela de já acordar com pressa, de segunda à sexta, partir pra faculdade e, no caminho, já me estressar com a penca de mensagens no WhatsApp – o pior: muitas delas acerca de trabalhos e outros assuntos importantes – não me resta quase tempo algum para um pouco de música. No restante do dia, o cumprimento das zilhões de tarefas – que nunca se esgotam – só agrava ainda mais esse quadro lastimoso.
Foi aí que me toquei: ninguém vai fazer isso por mim. Eu quero apreciar com o deleite merecido cada obra de arte que a vida oferece: a arte, pra mim, complementa a vida. É por isso que hoje posso dizer, com imensa alegria, que escrever para o blog semanalmente não tem sido uma obrigação penosa, mas sim um convite à expansão da minha visão de mundo – que o acesso à arte é capaz de provocar.
No meio dessas reflexões, que têm acompanhado meus dias corridos, decidi que precisava ir ao Rio Harp Festival. Afinal, ele se encerra no dia primeiro de junho aqui no Rio – por isso, corra! Futuquei a programação do dia e não poderia ter ficado mais encantada com o que vi: um grupo com piano, baixo e percussão, além da harpa. Céus, eu já sou tarada por harpa, imagina com esse monte de instrumento lindo junto!
O Rio Harp Festival é um dos maiores festivais de harpa do planeta! Criado e dirigido por Sérgio da Costa e Silva, ele já está na sua décima segunda edição. O evento traz a nós, brasileiros, nomes importantíssimos – nacionais e internacionais – da harpa, em um convite a apreciarmos o lindo som de um dos mais antigos instrumentos musicais da história da espécie humana. O festival ocorre também em outras cidades brasileiras, como São Paulo, e fora do país, em Lisboa, Sintra e Porto (Portugal) e Madrid (Espanha).
O grupo que tive o imenso prazer de conhecer foi o Ecos Latinos. Nossa… U-A-U! Fico até um pouco envergonhada de expor aqui a facilidade com a qual meu organismo produz fluido lacrimal… Mas meus olhos chegaram a ficar marejados com a harmoniosa e tão poética sonoridade emanada daquela reunião de instrumentos, personalidades e origens diversos.

Patrice Fisher – também harpista – e Fran Comiskey – pianista – são naturais de Nova Orleans (Louisiana, EUA); enquanto Carlos Valladares e Edwin Gonzalez – percussionista e baixista, respectivamente – têm origens na Guatemala. Reinaldo Pestana, também percussionista, é brasileiro, bem como a harpista Cecília Pacheco.
Nascida na cidade de Belo Horizonte, Cecília Pacheco já venceu e foi finalista diversos concursos de música. É bacharel em Música, habilitação em harpa, pela UFMG e harpista Titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Conheceu o Ecos Latinos no México, no ano passado, e de cara se encantou com a deliciosa mescla de ritmos do conjunto, vindo a integrar, então, suas apresentações.
Já Reinaldo Pestana, nascido no Rio de Janeiro, além de percussionista é baterista compositor. Fundou o trio Choro Novo em 2010, que integra ao lado de Marlon Mauzer e Abel Luiz. Pestana, no espetáculo do Ecos, mostrou toda sua versatilidade e agilidade ao transitar de um instrumento a outro, com sensíveis nuances que enriqueciam ainda mais as peças musicais apresentadas.

Agora não tem mais volta: vou ficar pra sempre com esse concerto na minha cabeça e coração. Chega de colocar no meu organismo a culpa pelos meus olhos molhados : a música dessa galera é mesmo capaz de comover. São compassos, tons, sons, notas e melodias que ecoam no íntimo de quem os conhece.
Que o som de Carlos, Cecília, Edwin, Fran, Patrice e Reinaldo siga encantando e ecoando mundo afora!
Rio Harp Festival 2017
Concertos diários de 1 a 31 de maio
Rio de Janeiro
Grátis
Programação
Fontes de consulta:
Catálogo Rio Harp Festival, disponível no site
Um comentário em “Ecos Latinos no Rio Harp Festival”